O Hospital Ophir Loyola obteve o terceiro melhor desempenho dentre 23 unidades de saúde participantes do projeto “Lean nas Emergências”, no Ciclo 2, do Ministério da Saúde. A iniciativa, implementada pelo Hospital Sírio-Libanês, reduziu a superlotação na urgência e emergência oncológica, organizou fluxos e processos de trabalho, possibilitando uma melhor qualidade no atendimento dos usuários do hospital. A informação foi divulgada nesta terça-feira (21/05/19).
As intervenções presenciais iniciaram na urgência e emergência oncológica, em outubro de 2018, e terminaram no mês de abril deste ano. Foram seis meses de reuniões quinzenais, execução de novas ferramentas de gestão, plano de ações e protocolos clínicos baseados em tempo e valor, que contribuíram para a melhoria dos processos e atendimentos mais rápidos e eficientes.
O médico consultor do Hospital Sírio-Libanês, Marcello Pedreira, afirmou que os ganhos nesta fase surpreenderam a consultoria. “Conseguimos um pronto atendimento mais eficaz. Hoje não temos mais corredores lotados e uma quantidade enorme de pacientes para serem cuidados por pouco membros de enfermagem. Temos uma assistência mais resolutiva, graças ao engajamento da equipe com o apoio da gestão do hospital”, frisou.
Nesta primeira fase, 43% das ações propostas foram colocadas em prática para evitar a superlotação. Dentre as ferramentas utilizadas, está o Daily Huddle, reuniões rápidas e diárias para trazer soluções aos problemas; o Plano de Capacidade Plena, que define ações de contingência em caso de superlotação para que retorne à rotina rapidamente; e o NEDOCS, que mede a superlotação a partir de alguns parâmetros, como a quantidade de pacientes em atendimento, de pontos de cuidado, de pacientes aguardando leitos de internação, de leitos disponíveis, tempo para chegada ao leito e reocupação do leito.
Segundo o especialista em processos do Hospital Sírio-Libanês, Nicolas Marcelino, alguns estudos e números comprovam que a superlotação ocorre devido a problemas de fluxo intra-hospitalar. “Os problemas não são originados na unidade de pronto-atendimento, mas é consequência de gargalos existentes nos setores internos que acabam repercutindo no fluxo dos serviços de urgência e emergência, gerando ocupação de todos os leitos, macas nos corredores e demora no tempo de espera por atendimento”, ponderou.
Indicadores
Os números apontaram um aumento de 64% na qualidade do atendimento e uma redução de 65% na superlotação na Unidade de Atendimento Imediato (UAI). Uma melhor assistência colaborou para o aumento da procura dos usuários pelo serviço, elevando o volume de pacientes atendidos em 8%, ampliando de 108 para 117 atendimentos diários.
Atualmente, a decisão clínica do paciente que está no serviço ocorre em até 24 horas. O tempo de permanência do usuário em boletim de emergência reduziu em 92%. Em novembro do ano passado, o tempo de espera era de 1 dia, 18 horas e 17 minutos; agora é de 3 horas e 7 minutos.
O tempo médio de permanência de internação hospitalar reduziu 7%. Antes, o paciente passava, em média, 16 dias internado e hoje leva, em média, 14 dias. Com a internação focada na necessidade do paciente, o fator de utilização do leito hospitalar aumentou de 14,5% para 21%. Assim, a taxa de ocupação hospitalar subiu de 87% para 91,5%, ou seja, mais pacientes estão sendo internados.
Outros fatores contribuíram para o resultado, como o Plano de Alta Multidisciplinar e a visita diária na enfermaria, com a presença do staff. Com o término do ciclo de intervenção, iniciou-se a fase de acompanhamento por 12 meses a fim de monitorar os resultados alcançados. A coordenadora do projeto pelo Ophir Loyola, Samanta Miranda, afirma que atender à crescente demanda é um desafio, porém Metologia Lean direcionou as ações.
“Não sabíamos o que fazer nos períodos de superlotação para a retornar à rotina. Agora, os processos e fluxos estão estabelecidos e definidos. Em situações de alta demanda, rapidamente administramos e definimos o caso de cada paciente, ou seja, aprendemos a atuar com resolutividade e garantimos qualidade na assistência prestada aos nossos pacientes oncológicos”, disse.
Por Leila Cruz
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